Comida saudável

O meu tio Godofredo voltou a meter-se nos hambúrgueres sem sal nem mayonaise ou qualquer tipo de molho. Confesso que me sinto vexado. É como ser benfiquista e ter na família um irmão mais velho daltónico que tem por isso que ser à força do F.C. do Porto.

Não acho bem.

Numa sociedade onde todos teimamos enviesar e fugir aos conselhos sábios, onde sempre preferimos uma boa gordura, haver quem tão perto de nós nos chame para a saudável obsessão pela cautela parece-me, no mínimo, ultrajante.

Quem se julga ele para se pôr a comer assim? Acaso pensa que é mais que os outros? Qual é o problema de comer hambúrgueres mal passados, com ketchup e mayonaise, acompanhados de um pacote XL de batatas fritas?

Já andamos todos a falar mal dele pelas costas. Não é que sejamos cobardes. Ele é da família, porra! Se a maioria achar que está mal, nada nos impede de o sovar à vontade. É apenas porque temos pena dele. No fundo, as coisas nunca mais foram as mesmas desde que ele perdeu a sua colher preferida para comer iogurtes líquidos.

Mas isto de ter que aturar familiares terá também o seu limite. Ou isso ou qualquer dia ainda nos tira as rabanadas na ceia de Natal e as substitui por torradas com mel. E isso aí vai ser o bom e o bonito... Não me levem a mal. Nem a mim nem à restante malta que tem andado a falar destas coisas. O tio Godofredo até é boa pessoa. Mas tende a sê-lo menos quando temos visitas e insiste em andar descalço lá por casa.

O que tem uma coisa a ver com a outra? Ui! Isso nem eu me atrevo a perguntar. Mas não deve ser nada de bom...

Enfim. A verdade, no final de contas, é esta: a matemática sabe dos números e as rezas fazem-se sempre melhor ao final da tarde.

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