Modas
As modas estão por toda a parte. A moda está na moda. E está in. Está in estar-se na moda. Quem não está na moda, ?não está lá?? E o singular das modas é que cada vez mais elas deixam o espectro da vestimenta para se apoderarem de inúmeros outros campos. Como o das letras!
-Este ano está na moda fazer relatórios com Times New Roman?
-Já ouvi dizer que para o ano que vem vai ser obrigatório fazer as actas em Comic Sans?
Mas esta omnipresença faminta da moda está imparável. Não se pense que ela fica por aqui, pelo caricato. Até porque acautelem-se: nada disto é, de facto, caricato, mas muito sério.
Pelos vistos, o domínio das modas atingiu também os desempregados!
É que até já os currículos passam por modas!
-Este ano a moda é o texto alinhado à direita!
-O ano passado a moda foram as fotos a preto e branco!
-Diz-se que para o ano que vem?
Modas, modas, modas?
Será que há uma moda de seguir as modas que também é intercalada pela de não as seguir?!É que eu gostava de parar um pouco. Não sei? Digo eu? Tipo, para poder respirar!
Frango, esse animal!
Perdem tempo com tanta coisa, menos com o essencial.
Frango sem caroço. Eis pelo que a humanidade deveria sentar-se e discutir seriamente! Isso e também o terrível esmaecimento rápido das flores compradas no supermercado.
Tirando estes problemas gravíssimos por resolver, só me sobra mesmo o pavoroso caso das meias ? decerto que também vos está a sempre a acontecer!!! Ao fim de 4 ou 5 meses, começam a ficar todas desemparelhadas!!!! Não há ninguém responsável por isto? Nem ninguém que consiga resolver isto!?
PostScriptum: desculpem-me a insistência, mas... quem me pode explicar porque é que os casacos de malha agora trazem duas fatias de fiambre nos bolsos!?
Sexo à vista: Homens VS Mulheres
O sexo, entre homens e mulheres, está sempre presente.
Não vale a pena sermos hipócritas. Deixem-se todos de falsos moralismos!
Homens: tudo o que vocês querem são rabos redondos e subidos, seios volumosos e pernas de metro e meio!
Mulheres: confessem-se!
É que nesta coisa da admiração sexual, de longe, voyeur, violadora, sagaz, faminta, as coisas ainda não estão bem esclarecidas.
Toda a gente sabe que os homens adoram pernas. É por isso que as mulheres fizeram a mini-saia. Da mesma forma, toda a gente sabe que os homens adoram seios. Por isso inventaram os decotes e o Wonderbra. E toda a gente sabe que os homens adoram bons rabos (gays incluídos). É por isso que as Levi?s 501 para mulher têm aquele gancho especial, que lhes arrebita as duas nádegas rechonchudas como nenhuma outra calça no mercado (passo a pub.).
Agora chega-nos a questão: e as mulheres!?
As mulheres têm apenas um sítio para onde olhar e despoletarem os seus mais íntimos desejos sexuais, carnais, animalescos?
Mais: que fez a história do vestuário, de forma relevante, para culmatar esta falha e saciar-lhes esse tão escasso recurso!?
Não admira que as mulheres passem a vida a dizer que a primeira coisa que olham num homem são as mãos, os olhos ou os sapatos! Não têm outro remédio! Até na Grécia e Roma antigas as mulheres tinham mais sorte, com aqueles saiotes que então os homens da época usavam.
Mas agora não. Tudo foi tomado de assalto pelo belo fato e gravata.
É preciso tomarmos medidas, meus caros colegas homens!
Urge sermos tolerantes e camaradas.
Se elas tão pomposamente quase nos revelam o melhor das suas formas, porque não fazemos nós o mesmo!?
Aceitam-se sugestões:
-Calças transparentes?
-Gancho mais apertado?
-...
Falem, FALEM!
CORES
Porque é que dizemos cor-de-laranja? Cor-de-limão? Cor-de-pêssego?...
Porque é que para tantas cores usamos as frutas e até os legumes como referência?
Veja-se, por exemplo, o caso do verde!
-Verde lima
-Verde pistaccio
-Verde alface
-...
E porque é que não somos mais coerentes e fazemos isto para todas as cores e tonalidades, em vez de nos andarmos a baralhar por completo?
Vejamos, por exemplo, como simplificar o nosso mundo de forma radical:
-em vez de amarelo, diríamos "cor-de-banana"
-em vez de preto, diríamos "cor-das-uvas-à-noite"
-em vez de vermelho, "cor-de-morango"
-em vez de escarlate, "cor-de-cereja"
E por aí adiante.
A minha única dúvida, e que me vai impedindo de apresentar esta ideia a alguém do governo, é apenas esta:
-o cinzento!
Mas que raio de fruta é que é cinzenta!?!?
A GUERRA DOS SEXXXOS
A guerra dos sexos!
Quando eu era puto e ouvi esta expressão pela primeira vez, já não era nenhum sonsinho, e sabia bem as formas privadas e secretas de uma mulher; daí que a expressão ?guerra dos sexos? assumisse, para mim, uma imagem mental obscena: uma pila elástica, em pé, a dar cabeçadas numa vagina que, por sua vez, tentava vencer agarrando e esganando o pénis dentro de si...
Horrível!
Hoje as coisas são diferentes.
Para mim.
Não para a sociedade.
Para a sociedade o que conta e contará são, e serão sempre, as guerras.
Hoje é a guerra no Iraque. Mas já foi no Afeganistão. Antes disso até já foi a guerra contra a fome. E contra a pobreza. Ou contra a sida. Hoje já se ouvem pouco? É mais a guerra contra o terrorismo. E quanto à guerra dos sexos... bem, isso então nem se fala! Caiu, redonda, no esquecimento público. Está latente. Está lá. Está por aí. Simplesmente não se fala nela.
Mas o que há de comum em todo este combustível de manchetes de Telejornal? O que há de comum em todas estas guerras!? Até na guerra dos sexos? Sobretudo na guerra dos sexos?
Ora, é óbvio: são as diferenças.
Neste caso dos sexos, a diferença está igualmente patente até aos menos observadores e menos lúcidos: uns, os homens, têm uma proeminência onde outros, as mulheres, têm uma concavidade. Parece-me bastante simples.
Mas o que há de mais interessante nas diferenças sexuais, são os temas de conversa. E já toda a gente os conhece:
Homens = futebol
Mulheres = moda
Homens = política
Mulheres = telenovelas
Estereótipos, estereótipos, estereótipos... Eu vivo na esperança de, um dia, estar sentado num café e ouvir duas mulheres:
-Tu viste-me aquilo ontem!?
-Se vi!
-Não achas que foi penalti!?
-Ora, então não foi!!!
?enquanto do outro lado teríamos dois homens:
-Ouve, sabias que a Renata vai casar com o Paulo Mendonça!
-Qual Renata!?
-A Renata! A filha do fazendeiro!
-Isso é em que novela?
-Na das sete?
-Ah! É que eu só vejo a da noite...
Detergentes! #2
Somos conservadores. Não politicamente falando, mas cultural e geneticamente. Somo-lo. E não vale a pena discutir.Veja-se o caso dos detergentes.
Já aqui falei deles. Mas não sobre as relações de poder entre nós e os detergentes. Porque as há! Sobretudo a nossa grande relutância em relação aos poderes dos detergentes... ou, talvez melhor, sobre os super-poderes dos detergentes.
Passo a explicar:
Somos obcecados pela limpeza. Por isso temos o detergente. Mas a dada altura da nossa existência teremos olhado para a bancada da cozinha e teremos pensado:
-Isto não é suficiente. Como é que eu posso ter a certeza de que isto está limpo!?
(obsessão!)
Vai daí, inventámos o anti-bacteriano.
Mas pelos vistos não foi suficiente.
E vai daí ainda inventámos o anti-calcário.
E como se tal não bastasse, hoje em dia, depois de aplicar estes três produtos, ainda teimamos (porque o seguro morreu de velho) em aplicar um paninho final, desses que têm um cheirinho jeitoso e ainda dizem que matam o que todos os outros não matam.
Mas o que é que acontece quando surge uma nova marca e diz:
"Agora não precisa de todos estes produtos! Chegou o Turbo-Clean! É 4 em 1 ! Com o Turbo-Clean, é uma limpeza!!"
Os mais inocentes pensariam que teríamos chegado ao fim, que aqui está a 9.ª Maravilha do Mundo.
Mas não.
Porque a maioria de nós vai a correr ao supermercado comprar o Turbo-Clean. Lutamos com a vizinha do 4.ºC pela última caixa e regressamos vitoriosos a casa. Aplicamos o produto num paninho como se se tratasse da mais rara poção milagrosa, como se quiséssemos poupar o tubo de forma a nunca terminar até ao fim dos nossos dias.
Mas eis que, quando menos se esperava, após duas ou três utilizações, se instala a dúvida:
-Será que isto é verdade?
-Como é que é possível este limpar o mesmo que os outros todos juntos?
-Parece-me um bocado demais...
-Eles devem ter alguma na manga...
-Então se eu esfregava a bancada quatro vezes, como é que agora só com uma isto fica bem!?
Resultado:
Após termos comprado o Turbo-Clean acabamos, inevitavelmente, por deitá-lo na bancada quatro vezes e esfregar as mesmas respectivas quatro vezes:
-Não é por nada... apenas por uma questão de precaução...
E não se estejam a rir. Vocês também já fizeram isto.
Detergentes!
Há uns séculos atrás, o mundo habitava um clima de horror, caos e tragédia. E não era para menos. Veja-se o temível acto de lavar as mãos.
Quase ninguém lavava as mãos.
Para quê?! Logo a seguir ficavam sujas! Podia-se até passar as mãos por água mas... onde limpar a seguir!? Às calças cobertas de pêlo de cavalo, ao cobertor pousado na carroça desde sempre...
Podem-se estar a rir desta afirmação, mas ela é fundada nas mais recentes e inovadoras teses sociológicas.
Perceba-se:
hoje faz sentido lavar as mãos; Depois de as lavarmos, tudo o que tocamos é limpo. A secretária de trabalho é limpa todos os dias com Ajax misturado com fungicida, as nossas roupas são lavadas todas as semanas com glutões infalíveis, temos sabão por todos os lados! A nossa existência é rodeada e definida por dezenas de produtos de limpeza. Até quando acabamos a refeição nos dão aquelas toalhitas húmidas com perfume de limão.
Mas há séculos atrás não era assim.
Convivia-se com a comunidade bacteriana de forma natural.
Quando alguém adoecia, paciência. Azar. Calhava a todos...
Hoje o mundo é um lugar muito diferente para viver.
Hoje sentimo-nos mais seguros.
Os países árabes podem planear atacar-nos com ogivas nucleares. Rajadas de mísseis terra-terra podem estar neste momento apontadas para nós. Todo o arsenal bélico dos fundamentalistas mais atrozes pode estar a ser reforçado. Isso não importa. Nós temos a Procter&Gamble! Nós temos a Lever! Nós temos um progresso científico imbatível no campo dos detergentes!
Eles podem-nos bombardear à vontade.
Que o façam.
Temos todo o tipo de detergentes possíveis e imaginários.
Atingimos o máximo no campo da segurança higiénica.
Podemos afirmar, inabaláveis, que estamos muito perto da imortalidade.
Esses malvados terroristas podem descarregar em cima das nossas cabeças a totalidade dos seus explosivos - não há problema: nós temos todos os meios necessários para limpar toda a porcaria que fizerem.
A primeira vez
Ficamos sempre tensos com a primeira vez. Seja do que for.
A primeira vez que fazemos o nó dos atacadores sozinhos.
A primeira vez que damos um beijo.
A primeira vez que conduzimos.
O primeiro dia de trabalho.
O primeiro encontro.
E claro: "A" primeira vez.
Mas porque é que nunca ficamos igualmente nervosos com a segunda vez? Ou com a terceira vez?!...
...digo-vos: alguém nos anda a meter minhocas na cabeça.
Protagonismo
De certeza que já viveram isto, de uma forma ou de outra - no trabalho, em casa, no vosso grupo de amigos:
- X, o que tens a dizer sobre isto, pá? Fala! Queremos todos ouvir o que tens a dizer!
O que se segue, regra geral, são momentos de balbúcia, nervosismo agudo e suor a escorrer de todos os poros...
...mas porquê?!?!
A resposta pode estar num ponto minúsculo e quase invisível, mas esclarecedoramente importante:
Porque no fundo, no fundo, todos estamos habituados ao segundo plano.
Estamos todos habituados a perder em quase tudo.
Façam as contas!
São milhares de candidatos à medalha de ouro da maratona, mas só um é o primeiro. São cerca de 30 alunos numa turma a lutar pelo pódium, mas só um é o melhor. São dezenas de capas de revista a serem impressas todas as semanas, e nós nunca vimos nelas...
Nós somos, para o melhor e para o pior: o zé-povinho, o common-man, somos a 'massa', o panorama geral.
São tantas as situações da vida em que nunca somos destaque que acabamos por nos habituar à ideia. Daí que, ao mais pequeno convite para sairmos da sombra e ficarmos debaixo dos holofotes da atenção geral, entramos em pânico. Admitam: não estamos habituados a tanto protagonismo. E de repente, quando a vida nos dá essa possibilidade, o nosso sistema nervoso entra em colapso.
Por isso, caros patrões: deixem-nos em paz.
Se nos querem dar protagonismo, por favor, não nos peçam para subir ao palanque, mas aumentem gigantemente o nosso ordenado.
...entrar no Banco e ter o gerente a estender-nos um tapete vermelho.
Esse sim! Esse é o tipo de protagonismo que todos nós ambicionamos.
Calvin & Hobbes #4
O "Público" voltou a ter disponíveis online as tiras do Calvin.
ACHO BEM!!!!
Já não era sem tempo...
Grrumpf...
A primeira vez
Pela primeira vez fui citado / referenciado num blog que não escrito por mim.
http://pongamosquehablodemadrid.blogspot.com/
Pôxa!
: O
Walden e os E.U.A.
Pelos vistos, o Bush ganhou mesmo.
Olho para este cenário e relembro o primeiro livro verdadeiramente americano que li: "Walden ou a vida nos bosques", de Thoreau.
Talvez, afinal, aquela América de que nós gostamos mesmo esteja só ali, escondida, relegada para o meio da mata. Talvez Shyamalan tenha dito tudo com "The Village"...
Alguém sabe de uma mata livre?
Portugoulag
Estou em Lagos. De camisola. De botas. Em Novembro. Na Pousada da Juventude. Estou rodeado de jovens estrangeiros. E estão todos, sem excepção, de chinelos de praia nos pés, de toalha ao ombro, ar relaxado e nada contraído... Estão na boa!
Mas o que é que esta gente faz aqui nesta altura do ano!?!?!
Não estudam!?!?
Estão desempregados!?!?
(...)
A minha teoria é que nos países deles, quando alguém se porta mal, inevitavelmente leva com a temível sentença:
-Von Braun... és um mau tipo! Vais por isso duas semanas para o Algarve, em Portugal! Vais ver o que é bom para a tosse. Toma! Leva isto: calções de banho, uma toalha de praia, t-shirts e uns chinelos. Agora põe-te a andar antes que eu te mande para a ilha da Madeira!
-Oh, não!...
Será que para eles Portugal é uma espécie de prisão? Um novo goulag!?
Não percebo...
gel para cabelo #2
O gel para o cabelo foi a maior invenção. Desde a roda, claro.
Antigamente, as pessoas usavam chapéus porque não havia maneira de controlar os cabelos rebeldes logo pela manhã; Não havia gel; era o caos. Mas gradualmente as empresas de cosmética e, conta-se, até o próprio departamento de R&D da América, se dedicaram a resolver este problema: -Como controlar o cabelo? Como deixar de usar os terríveis chapéus que nos atormentam há séculos!?
A História mostra-nos algumas soluções infelizes; na França de Louis XV as perucas foram uma das tentativas; cabelo falso para ocultar o feio e despenteado cabelo verdadeiro...
No Egipto antigo chegavam mesmo a rapar as tolas. Ideia daí em diante também adoptada pelas tropas por esse mundo fora. Não fosse um pequeno grande detalhe: o cabelo cresce, e rapar a careca todos os dias é tudo menos prático; vai daí surgiram imediatamente os capacetes...
É pois, por isso, que o mundo delirou e parou ao ver, finalmente, o nascimento da brilhantina!! Logo se seguiram cópias indevidas, como a aplicação do óleo Johnnson. Mas enfim, tudo faz parte do processo convulso que são as revoluções que mudam o mundo. Revoluções essas que, neste caso, por todo o rol de desenvolvimentos técnicos, vieram hoje desembocar no gel para o cabelo!
E foi assim, portanto, que deixámos de usar chapéus.
Regra #1 para poupar
Para poupar dinheiro é preciso uma base fundamental: SOBRAR dinheiro!
Acho que é esse o grande esquecimento de muita gente que comanda este país;
Coitados...
Esquecem-se!
Esquecem-se que os restantes mortais (nós) ganham parcamente e têm de pagar, com esse parcamente, ao contrário deles: as portagens, a gasolina, os seguros do carro, os almoços, e têm ainda de descontar para a segurança social e IRS sem hipótese de fuga. ah, e não tem ainda aquele subsídiozito que dá sempre jeito... sabem, aquele, o das "despesas de representação", que é porreiro para comprar uns fatos ou um Maurice Lacroix.
Enfim, uma chatice.
O problema fulcral, posto isto, é só um: dinheiro.
No tempo da troca de uma galinha por 20 pães nada disto era assim. Não senhor. Nesse tempo as coisas andavam controladas. O défice não explodia e as fugas ao fisco eram bem mais difíceis.
Mas esse tempo já lá vai. E isto de contar 'heróis' ao fim do mês - é difícil!, não é como a gente aprendeu no Monopólio...
tiras
Não tenho complexo nenhum em dizê-lo:
por mim, os jornais existiam meramente pelas tiras cómicas. Podiam imprimir apenas o nome do jornal na capa e deixar o resto em branco, desde que na última página viessem as tiras cómicas, a exuberante inteligência mordaz de uma piada, o traço simples num desenho e nas personagens que habituamos a nossa alma a cumprimentar todos os dias.
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